terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Primazia

Ganhar ou perder?
Não sei quais das duas coisas é a maior ilusão
Ganhar dinheiro
Ganhar fama
Ganhar de alguém
Ganhar alguém...

Utopicamente,
Desesperadamente,
Vamos barganhando as coisas
Barganhando vidas,
Idéias,
Ideais...

E assim...
Lavando vantagem
Levando a melhor
Perdemos encanto
Sabe aquele brilho?
Perdemos também
Quando percebemos
Já não há tempo...

Pois perdemos todo tempo do mundo
Ganhando dinheiro
Ganhando fama
Ganhando de alguém
Ganhando alguém...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Pedaços

Meio louco
Meio antiquado
Meio bobo
Meio triste
Meio moderno
Meio alegre
Meio otimista
Meio apaixonado
Meio angustiado
Meio encantado
Meio perdido

Sou assim
Feito em partes
Feito em metades,
Nunca inteiro
Nunca pleno
Sempre faltando
Sempre buscando

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Máscara

Eu queria não ter que fingir
E sair rodopiando pelas ruas
Abraçando a todos que eu vejo
Sorrindo a vontade e a toa

Eu queria poder debochar de mim mesmo
Sem aqueles preconceitos tolos que nos estacionam
Destruindo o medo de ser ridiculamente feliz
Não ligando para nada e amando tudo

Mas todos os meu sonhos vendi
Entregando-os a qualquer preço
Por sobrevivência, necessidade efêmera
Para manter essa triste altivez

Troquei tudo por muito pouco
Limitando minha fantasia
Acabando com minha infância
Com aquela legitima alegria de gostar sem querer

Infantil e genial eu era
Mas a lassidão invadiu meu ser
A lassidão dos sérios e responsáveis
De quem se esqueceu que a vida é brincadeira
Pois a seriedade da vida
Nada mais é que uma máscara

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Fuga

Às vezes é preciso fugir
Desesperadamente fugir
Fugir de si mesmo
Fugir dos lugares
Fugir de tudo
Fugir de todos
Mesmo sem conseguir
Mesmo sem ter pra onde ir
Mesmo que essa fuga não leve para outro lugar
Que não seja nós mesmos

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Visão

Deus salve os visionários!
Os visionários que não fazem nada
Só vislumbram!
Vislumbram, imaginam, criam
Inundam...
Sonhando o tudo sem fazer nada
E fazendo nada
Constroem o mundo!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Fragor

Esse barulho todo
Que me silencia a alma
Fazendo não me entender
Acabando com minha calma

Fragor absoluto e constante
De tantas vozes, de tantas vidas
Dor, orgasmo ou socorro?
Mistura exacerbada de tudo

Não há paz
Não há sossego
Só uma súplica em voz alta (um grito)
Do âmago coletivo

Bilhões de decibéis ao léu
Numa Babel de clamores
Cada vez mais alto, cada vez mais forte
Mas ninguém escuta nada...
Pois o mundo, o mundo é surdo

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A Outra

Ele não amava ela
Amava outra
Mas a outra estava com outro
Às vezes ele a desejava
Outras a odiava
Mas ela tinha o que ele sempre quis
Ou achava que queria
Mas ele queria a outra
A outra que não tinha nada
De tudo que ele queria
A outra que não cabia
Na sua ideologia
A outra que realizava
Todas as fantasias
A outra que o deixava
Em eterna melancolia
Por isso ele ficou com ela
E a outra ficou com outro
E pra você ver como a vida é
Pro outro a outra é ela

Vagabundos

Poeta é um vagabundo
Que tem preguiça de escrever
Então vomita palavras
Para um preguiçoso depois ler

Dois Mundos

Quando o mundo eram dois
Meu coração vivia em paz
Não a paz da concórdia
Mas a paz dos ideais

Hoje não sei o que penso
Que quase não me conheço
Em guerra minha vida está
Lutando consigo mesma

Frívolo é o que sou
Volúvel é o meu lastro
E o mundo vai girando, girando, girando, girando, girando
Que saudade da guerra-fria!!!!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Torrente

Às vezes me sinto assim, diferente de tudo que existe
Misturado de calor, amor, sombra, inquietude
Anarquicamente abstrata, devorada em si mesmo e renascida novamente

Torrencialmente estabelecida, em toda pele, em cada pelo
Passando por cada nervo e assim tudo em mim se sufoca
Arrebenta, diminui, estabiliza, aumenta...

Consternação ou ventura? Angustia desafinada...
Sem nenhum ritmo ou cadencia, chegando despreparada
Provocando inundações
Que terminam subitamente, que quase nem se sente
Nostálgico fica meu ser...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Beleza

Quanta beleza há no mundo
E todas me aguçam o desejo
E este me enferma a alma
Já que telas eu não posso
Quando posso é fração
Ou até vezes momento

Quanta maravilha eu vejo
Que observo com desígnio
Mas que delas nem sobras tenho
Só o deleite dos meus olhos
Que se transforma em fel
E o amargo é o que fica

Quanta volúpia ofertada
Explicitamente alheia
Confrontando a realidade
Realidade que é vontade
Vontade que nunca acaba
E sempre vira tormento
Tormento que vira ópio
Ópio que entorpece a alma
Explode, dói, contrai, transborda
E tudo se converte em nada
Pois meu gozo é fantasia

sábado, 6 de outubro de 2007

Promessa

Prometo-lhe ser tudo
Mesmo sendo nada
Prometo lhe dar tudo
Mesmo não tendo nada
Já que esse é o meu desejo
Já que isto lhe faz bem

E vamos seguindo em frente
Nessa vida inconseqüente
E se nada funcionar
E se nada lhe agradar
Voltamos a ser nós mesmos
Meu bem

Querer

Queria gostar de você como você gosta de mim
Queria sentir por você o que sente por mim
Mas eu, não sinto nada...
Estou oco
Vazio por dentro e estéril por fora

Eu queria olhar como me olhas
Ou conseguir ao menos fingir
Para poder camuflar minha angustia
E esquecer como dói viver num mar de opulência
Mas não saber navegar

Pois tenho nada, mesmo tendo tudo
Já que pra mim não tem valor algum
Já que sou pedra, deixei de ser carne
Tendo a alma erma
Dominada pela hesitação

Queria ao menos não gostar de você
Odiar-te, talvez desprezar-te
Para preencher-me com alguma vida
E da minha tragédia
Extrair alguma luz

Eu queria te amar
Te desejar a cada instante
E mesmo com o medo constante
Te perder
E assim transbordar meu coração

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Vadias

Ahhh, como eu admiro as vadias
Que gozam e não estão nem ai
Que sentem, choram, que mentem
Tendo tudo que vem fácil,
Conquistando que é barato
Toda a admiração dos vis

Ahhh, como são lindas as vadias
Aquelas verdadeiras travessas
Que fazem do reles a realeza
E mesmo se sentindo tristes
Debocham e voltam a gozar
E o gozo sucumbe à dor

Ahhh, como são aquelas fingidas
Que beijam com plástico amor
Que olham com olhar de desdém
E a noite ficam mais lindas
Com aquela maculada beleza
Ordinariamente disposta

Ahhh, quanto decoro elas tem!
Mesmo não tendo pudor
Mesmo com pérfido amor
Quanta verdade em seu jeito
Que o mais infame sujeito
Encontra aconchego em seus peitos

Ciclo

Não existe felicidade
O que existe são momentos felizes
Momentos que não são eternos
Que passam, que escorrem pelas mãos
Momentos de pura euforia
O qual tentamos estica-los
Desejando que o tempo parasse

Não existe tristeza
O que existe são momentos tristes
Momentos que parecem eternos
Dor, suplicio, angustia...
Momentos que nunca acabam...
Mas acabam
Passam
Escorrem
Terminam
Mesmo com toda auto-compaixão empregada
Mesmo tendo a alma dilacerada
Tudo um dia termina
Tudo um dia se acaba
E você está só...
Mas o sol sempre nasce

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Outro

Eu queria ser outro
Não estou descontente comigo
Só queria ser outro
Viver outro sonho
Outra realidade
Não estou triste com a minha
Mas queria outra vida
Onde tudo se encaixa
Onde as coisas funcionam
Onde os olhares se cruzam
Eu queria ser outro
Para olhar no espelho
E enxergar outra coisa
Para ver diferente...
Sentir outros medos
Errar outros erros
Eu queria ser outro

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Aconchego

Não sei por que comecei a escrever.
Não foi por talento, por amor ou revolta.
Acho que por uma fuga discreta.
Como sair à francesa da própria vida.
Talvez fugir de todos os conceitos que tento acreditar

Não sei por que comecei a escrever.
Não foi por platéia, talvez por acaso...
Como o acaso que guia minha vida,
Minha existência, meus passos
Que ingenuamente acredito controlar

Talvez por medo dos meus valores,
Que me aprisionam em um cárcere seguro.
E me impedem de enxergar só mais um pouco...
Alguns centímetros a mais
Mas que fariam toda a diferença.

Não sei por que comecei a escrever.
Talvez por sarcasmo de meus próprios limites...
E assim escrevo, cuspindo palavras.
Para depois esconder-me por de trás delas
E voltar para minha aconchegante vida

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Tudo ao mesmo tempo...

Eu tento pensar... eu quero entender
Mas apenas sinto... tudo ao mesmo tempo...
Não distingo nada, não conheço nada...
Apenas sinto... tudo, e ao mesmo tempo...
Sinto as horas passarem, sinto as coisas mudarem...
Coisas, coisas e mais coisas...
Que mudam a toda hora, mudam o tempo todo
Muda a lógica, muda o tempo...
Permaneço firme. Permaneço estático.
Mas não consigo
Não sou o mesmo
Apenas sinto... suporto, agüento..
E as coisa mudam,
A todo tempo...
Tento olhar tudo da mesma forma,
Tento permanecer o mesmo
Mas não tem jeito
Apenas sinto... tudo ao mesmo tempo...
E as coisa mudam, e os dias passam,
E o vazio aumenta.